19 de julho de 2010

Lua Vermelha.


Capitulo 2

"Quando voce menos espera, aparece alguem no seu
caminho pra te tirar da escuridão.
Mais voce tem que escolher, se quer sair dela ou nao"




Confissoes

Caçar era a ultima coisa que eu queria fazer naquele momento, mais eu precisava.
Eu precisava de um tempo sozinha, de um tempo comigo mesma pra tentar entender o que estava acontecendo.
A floresta parecia assustarora pra quem olhasse de fora, mais eu nao me sentia nem um pouco amentrontada.
Eu nunca tinha adentrado muito ela antes, mais hoje a ideia de explora-la parecia extremanente convidativa.
Alguns ursos e alces nao me passaram despercebidos a medida que eu adentrava a floresta escura.


(...)



Estava começando a anoitecer, era a hora do crepusculo sobre o rio, eu nao tinha percebido que ja era tao tarde, meus pais ja deviam ter chegado em casa, eu precisava ir embora.
Me levantei do tronco de arvore quebrado, onde eu estava sentada e comecei a caminhar na direçao em que eu viera.
O tempo passava e eu parecia estar andando em circulos, o céu era escuro, mais nao me impedia de enxergar.
Um barulho estranho chamou minha atençao e eu entrei em posiçao de ataque.
Foi ai que o vi, meus olhos encontraram os seus e meu coraçao bateu mais forte, talvez pelo susto,eu nao estava sozinha.
-Symon? - perguntei.
Recuei minha posiçao de ataque rapidamente.
Ele me olhava confuso.
-O que voce esta fazendo aqui? - perguntou ele, sua voz demonstrava surpresa.
Acho que ele nao esperava me encontrar.
Eu nao sabia muito bem o que dizer.
-Aposto que esta perdida - deduziu ele.
Eu apenas assenti.
-Vou te ajudar a achar o caminho de volta - ele falou fazendo um gesto para que eu o seguisse - nao devia ficar andando pela floresta a essa hora, é perigoso - sua voz agora era rude.
-E quem é voce pra dizer o que eu devo fazer? - perguntei debochando.
Ele parou de andar e se virou, eu parei também.
-Qual é o seu problema garota? Porque voce trata todo mundo mal desse jeito? - falou ele friamente.
Eu nao estava tratando ninguem mal, aquilo me irritou.
-Eu nao trato ninguem mal, voce é que esta fazendo isso - rebati.
-Eu? - zombou ele.
-Sim, voce, acha que todos te tratam mal, mais na verdade é voce que faz isso.
-E quem é voce pra dizer o que certo ou errado? espera, nao precisa responder, voce é uma daquelas patricinhas mimadas que acham que só porque tem grana, mandam no mundo. - disse ele.
Aquilo estava começando a me deixar nervosa, eu estava lutando pra me controlar, ele é apenas um humano.
-E voce? acha que só porque sua namorada morreu... - nao terminei de falar, eu tinha tocado num ponto que nao deveria.
Ele se encolheu.
-Desculpe - murmurei, minha voz mostrava todo o arrependimento que eu estava sentindo.
Ele nada disse.
-Eu nao queria... - estendi a mao pra tentar reconforta-lo, mais depois a abaixei, isso nao ia ajudar em nada.
Se eu pudesse voltar no tempo, retiraria tudo que eu tinha dito, por pior que ele fosse, nao merecia ouvir aquilo, era cruel demais.
Ele começou a caminhar entrando mais na floresta, eu o segui.
Depois de andar um pouco ele parou em um pequeno rio que corria por ali.
O céu nao tinha nuvens, nem estrelas, a luz da lua refletia sobre a agua clareando a noite, tonando-a linda.
Ele sentou encostando na arvore, estava de cabeça baixa mais sua expressao era triste.
Eu me sentei também, um pouco afastada dele.
Uns minutos de silencio se passaram, eu resolvi falar.
-Desculpe, eu nao queria ter dito aquilo, foi cruel demais da minha parte - pedi desculpas novamente.
-Voce tem razao - disse ele baixo - eu culpo todo mundo por uma coisa que ninguem tem culpa,ou melhor, a culpa é toda minha. - ele levantou a cabeça e me olhou.
-Mais eu nao devia ter dito aquilo, voce...
-Eu tenho sido cruel com todos a minha volta - ele me interrompeu e começou a falar - tenho sido cruel ate comigo mesmo, me culpando por uma coisa que aconteceu a algum tempo, meus amigos me abandonaram, meu pai nao aguenta mais olhar na minha cara - ele respirou fundo - Mais voce nao merece ouvir isso, vem vou te mostrar o caminho de volta - ele se levantou.
-Espera - falei - eu quero ouvir, eu... talvez voce se sinta melhor se me contar - eu hesitei.
-Ninguem é capaz de me fazer sentir melhor - murmurou ele se sentando de novo, sua voz era dura e fria.
-Mais eu quero ouvir - insisti.
O desejo de consola-lo que eu sentia era enorme.
Porque eu estava sentindo aquilo?
Ele assentiu.
-O nome dela era Catherine - ele começou a falar - eu estava em La Push com uns amigos, nós tinhamos combinado de ir a praia no fim de semana, tudo estava indo parfeitamente bem, ate que ela apareceu, foi como... - ele parou de falar, pareceu que ele estava editando alguma coisa - foi como amor a primeira vista - ele sorriu se lembrando, era a primeira vez que eu o via sorrir, o sorriso dele era lindo, mais triste.
-Nós ficamos conversando o dia todo - continuou - no dia seguinte eu a chamei pra sair e nós começamos a namorar, uns tres meses depois eu a pedi em casamento, nós nos amavamos e era isso que importava - ele parou de novo - na mesma noite que eu a pedi em casamento, eu a levei pra jantar em Port Angeles... nós saimos do restaurante um pouco tarde, mais eu nunca tive dificuldades em digirir a noite, quando estavamos chegando nos arredores de Forks, um caminhão veio em nossa direçao e ... - ele estremeceu.
Nao o forcei a dizer mais nada sobre o acidente, aquilo só estava magoando ainda mais ele.
Eu só nao entendi como ele tinha sobrevivido, mais isso depois eu ia descobrir.
-Entendi - sussrrei.
-Me desculpe se fui rude com voce na escola mais... agora voce sabe porque - murmurou ele.
Eu assenti.
-Eu nunca contei a ninguem como eu me sentia, voce foi a primeira pessoa com quem eu conversei depois da... depois que a Cathy se foi.
Naquele momento eu entendi porque a Sophia disse que era como se ele tivesse morrido junto com ela, ele nao vivia mais.
-Espero que voce esteja se sentindo melhor, eu nao queria fazer com que voce se sentisse pior depois daquilo que eu falei - murmurei.
-É estranho mais - ele hesitou - eu estou bem melhor agora - ele sorriu levemente, e dessa vez seu sorriso nao era duro, eu sorri levemente também.
Meu telefone tocou, o numero no identificador de chamadas era de minha mae.
-Alo? - falei.
-Isabell, onde voce esta? - pergutou ela preocupada - ja era pra voce estar em casa.
-Eu sei mae, me desculpe, eu ja estou a caminho.
-Voce tem vinte minutos... - nao foi preciso ela terminar a frase.
-Ja entendi, tchau - desliguei o telefone.
Olhei pra Symon, ele estava serio demais.
-Tenho que ir - eu disse.
-Tudo bem, eu vou te ajudar a chegar na trilha. - falou.
Ele começou a caminhar eu o segui.
Symon me deixou na trilha, depois que ele foi embora, eu comecei a correr.
Nao demorei muito pra chegar em casa.
-Onde voce estava? - perguntou minha mae.
-Eu estava caçando - respondi.
-E porque voce demorou tanto? - perguntou meu pai.
-Desculpe, eu me destrai, nao queria deixar voces preucupados - falei
-Mais deixou - disse Alice vindo me abraçar.
-Nao vou fazer isso de novo - prometi.
-Hum... - Alice franziu o nariz - voce precisa tomar um banho, esta com cheiro horrivel, andou com algum cachorro? - perguntou.
-Nao - falei confusa - eu sou metade lobo lembra?
Ela sorriu
-Vou tomar banho quando eu for pra casa - murmurei
-Ah! sua mae deixou voce ficar aqui hoje - disse Rosalie aparecendo na escada.
-Serio? - perguntei.
-Sim, voce precisa se divertir - disse ela.
-Obrigada mae - eu a abracei e lhe dei um beijo no rosto.
Ela sorriu.
Um pouco mais tarde, meus pais foram pra cabana me deixando nas maos de Alice e Rosalie, os outros tinham ido caçar.
-O que quer fazer? - perguntou Alice
-Agora? tomar banho - respondi.
-E depois? - quis saber Alice, ela estava empolgada.
-Vou descansar, tive um dia longo - falei subindo as escadas e indo para o quarto que era da minha mae, peguei umas roupas e fui tomar banho.
Quando acabei, Alice e Rosalie estavam sentadas na cama conversando.
-Isabell estavamos pensando - Alice começou a falar.
-O que acha de ir fazer compras esse fim de semana? - Perguntou Rosalie.
-Alice, Rose - eu suspirei - eu nao gosto muito de fazer compras - falei.
-Eu sei, mais voce precisa urgentemente de uma ida ao shopping - insistiu ela.
-Nao preciso nao, agora me deixem dormir - pedi.
Eu deitei na cama.
-Isabell, eu estou curiosa - sussurrou Rosalie.
-Fale - disse
- Voce mentiu mais cedo nao foi? - perguntou Rosalie. - Quando voce disse que tinha se destraido hoje mais cedo - explicou Rosalie.
-Nao menti - murmurei.
-Tudo bem se nao quer contar... - ela deu de ombros - vamos deixar voce dormir agora - disse ela indo em diraçao a porta.
-Alice, Rose - eu as chamei - como é se... apaixonar? - perguntei.
Elas soriram.
-É uma coisa maravilhosa, uma sensaçao magica - Alice falou.
Eu sorri levemente.
-Esta apaixonada? - perguntou Rosalie.
-Nao - falei rapidamente - mais eu queria saber se um dia eu vou ter o imprinting por alguem.
-Nós nao sabemos, mais com certeza voce irá se apaixonar um dia - murmurou Alice.
Eu assenti e bocejei.
-Vamos deixar voce dormir - disse Rosalie dando um beijo em minha testa.
-Boa-noite - sussurrei e elas sairam do quarto
Minha noite de sono tinha sido tranquila, mais sem sonhos.
Acordei de manha cedo e fui direto pra cabana, eu precisava falar com meus pais.
Quando cheguei la, eles ja estavam prontos me esperando, peguei um pedaço de bolo e comi, eu estava com fome.
-Mãe - eu falei - posso ir a La Push hoje depois da aula? - perguntei.
Eu nao sabia qual seria a resposta dela, mais nao custava nada perguntar.
-Fazer o que em La Push? - perguntou meu pai.
-Estou com saudades do Billy, faz um tempo que eu nao o vejo - murmurei, e era verdade, eu estava com saudades dele.
-Bom, faz mesmo muito tempo que voce nao o ve, mais... - minha mae hesitou.
-Por favor? - pedi
Meu pai parecia estar pensando se deixava eu ir ou nao.
-Tudo bem, por mim voce pode ir - disse minha mae.
-Obrigada mae - eu dei um beijo em seu rosto.
-Pai?
-Ta bom - ele suspirou sorrindo.
-Obrigada - eu sorri e o abracei.
-Agora vamos, voce vai chegar atrasada - falou minha mae pegando as chaves do carro.
Eu assenti.
Minha mae me deixou na escola uns minutos depois.
-Tenha um bom dia de aula - desejou ela.
-Obrigada - falei.
-Mande lembranças ao Billy.
-Claro, claro - falei saindo do carro.
-Isabell ! - alguem me gritou, reconheci aquela voz, era Sophia, ela veio andando me minha direçao.
-Oi - falei
-Oi - disse ela.
-E ai, vai fazer o que no fim de semana? - perguntei
-Ainda nao tenho nada em mente, ou melhor, eu estava querendo ir ao cinema, mais nao sei ainda - disse ela - e voce?
-Também nada - ainda - pensei.
O sinal tocou e nos fomos para a nossa primeira aula.



(...)



O sinal da ultima aula bateu mais cedo.
-Se voce nao for fazer nada no fim de semana me liga - disse Sophia.
-Claro, ligo sim - respondi.
Eu nao tinha certeza do que eu ia fazer exatamente, mais provavelmente Alice me levaria pra fazer compras.
-Eu tenho que ir agora - murmurou Sophia.
-Tudo bem, tchau - suspirei.
Vi Symon sair da escola, ele estava diferente, parecia mais alegre, nao, ele estava menos triste.
Eu tinha dito a meus pais que iria a La Push depois da aula, mais a vontade que eu estava sentindo de voltar a floresta era muito grande.
Será que eu escontraria o Symon de novo?
Eu só iria descobrir se fosse ate la.
Andei ate que ninguem pudesse me ver, depois eu comecei a correr.
Quando cheguei no lugar que queria, vi que ele nao estava la.
Isso me deixou um pouco decepcionada.
Depois de alguns minutos percebi que nao havia sentido ficar parada ali, esperando por alguem que nao iria aparecer, eu me virei pra ir embora.
Meus olhos encontraram os seus, meu coraçao bateu mais forte.
Ele estava parado bem atras de mim, encostado numa arvore como da ultima vez.
-Voce gosta mesmo de se arriscar nao é? - perguntou ele nun tom meio ironico.
-Pra falar a verdade, eu gosto - disse sorrindo levemente.
-Voce nao sabe no que esta se metendo - ele balançou a cabeça, como se eu tivesse fazendo alguma coisa errada.
-Eu vou descobrir - falei.
Ele sorriu levemente.
-Oi.
-Oi - sussurrei.
Nada, nem ninguem, seria capaz de fazer eu ir embora, eu sabia que tinha prometido ir a La Push, mais eu estava perdida no meio daqueles olhos castanhos cor mel dele,nós estavamos sozinhos de novo, mesmo que por periodo curto de tempo, mais nós estavamos juntos, e era isso que importava, pelo menos pra mim.
Naquela tarde, Symon e eu conversamos sobre varias coisas, ele estava menos triste, me contou mais sobre ele, e ate perguntou algumas coisas sobre mim.
-Obrigado - ele agredeceu - por me ouvir, nao sabe o quanto esta me ajudando fazendo isso - ele explicou.
-Eu gosto de conversar com voce, é como se voce fosse a unica pessoa que me entendesse de verdade - falei.
Ele riu, dessa vez de uma forma diferente, achando graça de algo.
-O que foi? - perguntei confusa.
-Engraçado, eu sinto a mesma coisa quando converso com voce - sussurrou ele.
Eu corei um pouco.
Nós ficamos em silencio por alguns minutos, eu olhei o céu, estava começando a escurecer.
Eu tinha que ir embora.
-Tenho que ir - murmurei ja me levantando.
-Eu te acompanho - disse ele.
-Nao precisa, eu sei o camiho de volta.
Eu queria muito que ele me acompanhasse de volta, mais eu precisava chegar em casa rapido.
-Tudo bem entao - murmurou ele - te vejo depois.
-É - concordei - tchau.
Eu me virei e comecei a andar na direçao em que a trilha começava, depois quando vi que ele nao podia mais me ver, deixei o lobo que havia dentro de mim sair.
Passaram-se alguns minutos ate eu chegar em casa, eu sabia que nao seria nada facil explicar porque eu nao tinha aparecido em La Push.
-Onde voce estava? - perguntou meu pai assim que eu entrei em casa.
-Nós ligamos para o Billy, voce nao apareceu por la - murmurou minha mae.
Nao havia sentido algum mentir, entao resolvi falar a verdade - ou boa parte dela.
-Eu estava na floresta - falei.
-O que voce foi fazer la? - perguntou meu pai num tom de voz irritado.
-Eu... eu precisava ficar sozinha - menti.
-Sozinha? Entao porque pediu pra ir a La Push? - minha mae me interrogou.
-Porque eu queria ver o Billy, mais depois mudei de ideia, me desculpe.
-Eu nao esperava que voce tivesse uma atitude dessas, estou decepcionado. - murmurou meu pai
-Decepcionado? Eu venho tentando ser uma pessoa normal a todo esse tempo, nao causo problemas a ninguem. E hoje quando eu resolvo ficar sozinha um pouco, voce me diz que esta decepcionado? Ah! por favor - disse, aquilo me deixou irritada.
-Va pro seu quarto - disse minha mae.
Fui para o meu quarto como ela mandou, tomei um banho e fui fazer meus trabalhos da escola.



(...)




Um pouco mais tarde, eu sai do quarto pra falar com minha mae, pedir desculpas pela minha atitude mais cedo, e ouvi eles conversando do corredor.
"As coisas na reserva ja estao passando dos limites" - disse meu pai.
"Me conte o que esta havendo" - pediu minha mae.
"Um dos garotos esta dando trabalho."
"É alguem que eu conheça? Qual é o nome dele?"- ela quis saber
"Voce nao o conhece, o nome dela é Symon, ele se transformou a pouco mais de um ano" - disse ele
"E porque ele esta dando problemas?"
"Porque ele ja teve o imprinting, mais ela... morreu" - ele hesitou na hora de dizer a ultima palavra.
Aquilo nao podia ser verdade.
Symon era um lobo?
Aquelas palavras de meu pai cairam como meteoros sobre minha cabeça.
Symon mentiu pra mim.
Porque? Ele nao podia ter feito isso.
Nao havia mais sentido me enganar sobre o que eu estava sentindo por ele.
Eu estava apaixonada.
Eu precisava sair dali.
Mais como?
A janela - pensei.
Voltei para o meu quarto e abri a janela devagar pra nao fazer barulho.
A noite era fria e assustadora, mais eu precisava de uma resposta.

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