5 de fevereiro de 2011

Dying to love



Dying to love

(Morrendo para amar)


A sensação de incompletude invade minha alma. A dor de sentir-se impotente, com as mãos atadas, e sem forças para continuar. Á hora em que a verdade castiga o coração já sofrido. E o momento permanece gravado em mim. Ouço claramente em minha cabeça se repetindo como se fosse um filme a pior situação de minha vida. Num tom alto e constante a voz do médico sussurrando a alguém o ocorrido.

O dia em que eu desejei morrer, o instante em que descobri que nada mais valia à pena. A angústia por ver-me ali, indo contra as próprias leis da vida, nada parece mais errado do que a ida de um filho antes de seus pais. É injusto, demais! Sinto-me sem chão e a reação das pessoas ao meu redor deixa-me sem ar. A pessoa que deveria me apoiar simplesmente sumiu e não voltou mais.

Hoje não fora somente a perda de uma pessoa, mas sim duas. Ambas, pessoas que eu amo, mas uma delas, talvez, não seja tanto. Meu peito, meu coração, não tem mais espaço para nada a não ser sentir este sentimento sufocante. Fitei a janela a minha frente e o vento brincava com meus cabelos. Bufei pela situação. Levantei-me num pulo e guiada pela dor atravessei a porta sem destino.

Uma grossa parede de lágrimas embaça minha vista. Andar pelas ruas é algo cortante, nem sequer o vento me incomoda. Meus olhos ardem e a única coisa que eu quero é ter um ponto final. Os olhares de pena lançados a mim tornam meu sofrimento maior. Ninguém sabe o que é sentir isto. Um pedaço de mim foi tirado, arrancado de meus braços, antes mesmo deu ter a chance de fazê-lo.

A notícia me dilacera por dentro, meus olhos ardem, e se deixam levar por inúmeras lágrimas que deslizavam por meu rosto incessantemente. Dando-me a ilusão de uma fonte que jamais cessa. Meu coração apertado e dolorido de certa forma, morto. Deixa-me sem razão para seguir em frente. As mãos enlaçadas em minha cintura prendiam-me a inútil esperança de reencontrar quem eu mais amei. Meu bebê.

Aquele pequeno ser que amei deste o instante em que recebi a notícia. A novidade mais contagiante e perfeita de minha vida. A alegria de saber ser fundamental a alguém. Ser o mundo de uma pessoa. E agora? Nada mais me prendi aqui. A tristeza é a onda que me leva... Que me movimenta. E não importa o quanto eu tente isto jamais será esquecido. Assim como este dia.

Eu sou como a onda, ela sempre volta ao mar, e eu, bem, eu sempre volto para esse mar de desilusão, angústia. A vida pregou-me uma peça que eu não imaginava. Saber que não terei a chance de segurar aquele pequeno ser que emanava luz a minha vida. Não há mais luz, somente escuridão. Esta é tormenta, a minha tormenta. Presa a esta realidade dura e imutável.

Minhas pernas movem-se sem eu reparar para onde. Meu corpo segue sem rumo... Assim como minha vida. Os sons das pessoas são abafados por meus pensamentos confusos e desconexos. O tempo se arrasta e eu sigo vagando... Por um simples segundo cogitei a ideia de avisar em casa onde estava, mas logo desconsiderei. Não devem ter dado por minha falta. Uma brisa fria me fez erguer os olhos.

A vista a minha frente trouxe uma ideia. E ela pareceu-me tão boa, atrativa. Fechei meus olhos e sorri. Iria ao encontro de quem amo. Sim, esta é a minha chance. Abri os olhos e caminhei. Fitei com cautela e a imagem poderia ser assustadora, mas não para não. Não neste momento. Via ali como um refúgio, um caminho para descansar em paz. Ficar junto a quem quero e preciso.

Um penhasco enorme estendia-se a minha frente. Sem analisar andei por ele sem pensar em nada. A decisão é certa, irrevogável. Eu quero, preciso, esta é a minha chance de ter liberdade. A oportunidade de conhecer meu bebê. Meu lindo bebê. Outra vez sinto lágrimas teimosas escorrendo por meu rosto. Meu coração partido terá paz. Conforme sigo pelo íngreme penhasco uma faísca de luz surge em mim.

Uma brisa refrescante passa por mim brincando com meus cabelos. Um sorriso surge em meu rosto. Senti como se a natureza desejasse boas-vindas a mim. Como se minha pequena criança saudasse-me por ir a seu encontro. Num movimento rápido fechei meus olhos. A distância agora era curta. Segui adiante sem fraquejar. Dei meus últimos passos e senti o vento me abraçar.

É agora, o meu momento. Sorri enquanto sentia meu corpo ir de encontro ao chão. Com um baque estrondoso senti a escuridão tomar conta de mim. Finalmente, eu teria paz. Nada mais vi. Estou a caminho meu amor... Eu pensei docemente e perdi a consciência. Não sei dizer como nem quando, mas em alguns raros instantes sons de gritos exaltados, pedidos, e choros alcançavam-me.

Estaria alucinando? Seria este o preço para alcançar a felicidade? Os barulhos cessaram e eu senti um toque delicado e frio. Sem entender, senti-me bem, acolhida, amada e desejada. Um carinho suave em meu rosto fez-me relaxar. A presença de tal anjo me trouxe uma calmaria. Seja quem for é o meu anjo. O carinho em meu rosto parou e senti a presença aproximar-me de mim.

Uma voz aveludada e calma soou em meus ouvidos. Eu poderia ficar ali o ouvindo o resto de minha vida, mas não o podia mais. Havia feito minha escolha. Senti que não tinha mais vozes ao nosso redor. Seria ele um anjo que esta me levando ao céu. Meu corpo foi posto sobre uma superfície macia e cheirosa. Era uma cama? Meu cérebro confuso e a dor em meu corpo não me deixa pensar.



-Desculpe-me. – A voz encantadora disse. – Não irei deixá-la partir.



Eu queria protestar ao anjo. Como não iria me deixar partir? Fora a minha escolha e tenho o direito de fazê-la.





-Pelo menos não do jeito que quer. – Confessou num tom mais baixo e ainda assim possível de entender. – Perdoe-me por isso.



Então, sem mais nem mesmo, eu uma vez decidi-me por morrer. O que aquele anjo fizera-me? Senti uma dor profunda em meu pescoço. Teria sido uma mordida? Tentei mexer-me para afastá-lo de mim com a pouca força que ainda tinha, mas era inútil. Desiste de debater-me e me entreguei à dor. Ainda assim, sendo forte, não se compara nada a dor da perde que sofri.

Uma queimação começou a espalhar-se lenta e dolorosamente por meu corpo. Sentia como se línguas de fogo andassem por mim. Queimando cada parte. Queria gritar, mas mantinha-me inerte. Meu corpo não me obedecia. A dor crucificante fez-me juntar todas as minhas forças e gritar.



-Mate-me, por favor!Mate-me.



Implorei por piedade, porém não pela dor que sentia, mas sim pela outra. A mesma que ainda permanece intacta. Viva em mim. Minha liberdade estaria se esvaindo? Não posso aceitar isto. De forma alguma. Eu quero e precisar estar com meu pequeno milagre. Aquele que foi retirado de mim, sem escolhas. Deixei um grito abafado escapar por meus lábios entreabertos.

Um grito de desespero. Sentir-me sem saída novamente era o que eu não imaginava. Não, eu não estou morta. O que mais me atormenta é o fato de não saber o que será de mim. As labaredas de fogo seguiam alcançando cada parte de mim, porém não emitiria mais nenhum som. Iria agüentar, até o fim. Não sei dizer por quanto tempo permanece ali. Naquela cama em meio ao fogo que consumia meu corpo.

Muitas vezes eu sentia um pequeno alivio com o contato de uma pele gélida que refrescava o ponto. Ela sempre vinha acompanhada de pedidos de desculpas. Estes eram os mais freqüentes. A linda voz parecia sofrer por isto. Só não entendia o motivo. Seria por não me deixar partir? Ou por ver-me numa situação dessas e nada ser capaz de fazer. Noção de tempo que eu tinha era nenhuma.

Simplesmente sei o fato de o tempo passar pelas freqüentes visitas do meu anjo. Seus carinhos e pedidos de desculpar. De uma forma estranha e totalmente certa, sinto-me presa a ele. Ligada, como se fosse nosso destino nós nos encontrarmos aqui. Queria tanto poder abrir meus olhos e encará-lo. Ter a chance de descobrir o que se passa comigo. E, finalmente, a dor que podia considerar parte de mim cedeu.

Senti um alivio instantâneo percorrer meu corpo para logo ser trocado pelo medo, pavor. Pude ouvir o barulho de algum riacho... Pios de passarinho e passos ecoando ao andarem pelos pisos. Estes eram passos apressados, decididos... Mas receosos? Como eu posso estar ouvindo estes barulhos? Nunca o fiz. Porque agora?

Meu instinto instiga-me a abrir os olhos, porém eu não iria fazer nada. Algo me dizia que tudo estava bem. De alguma forma estranha eu sentia como se estivesse em paz. Vagas imagens do meu passado permaneciam, estão um pouco embaçadas, mas fortes. A vontade de chorar voltou e nada senti descer por meu rosto.

Isto é estranho eu pensei confusa. O som da porta batendo fez-me abrir os olhos. Segui em direção ao ruído e fiquei sem reação. Nunca havia visto um homem tão lindo quanto este. Cabelos loiros e curtos, lindos olhos dourados, uma pele pálida e um corpo bem definido de estatura mediana. Nós nos fitamos longamente até vê-lo quebrar o silêncio.



-Olá, como se sente?-Perguntou-me cauteloso.



Minha boca entreabriu-se ao reconhecer aquela voz. Jamais a esqueceria é a voz do anjo, meu anjo. Uma risada baixa chegou aos meus ouvidos. Voltei-me em direção ao som. Um pigarro chamou minha atenção e olhei para ele de novo. Seria a mesma pessoa? Uma dor forte queimou minha garganta. Sede, eu estava com sede.



-Desculpe... Er... – Parei ao reparar que não sabia seu nome.



-Carlisle, meu nome é Carlisle e você?



-Oh, me desculpe. Sou a Esme, prazer.



Cumprimentamo-nos e porta tornou a abrir-se.



-Edward, muito prazer.



-Olá, querido. – Falei docemente e ele sorriu-me.



-Como dizia?- Retornou com o assunto.



-Ah, poderia me arranjar um pouco de água.



-Bem, ela não irá acabar com a sua sede... Nós precisamos conversar.



Eu assenti e sentei-me agora notando ser uma cama e os fitei.



-Eu, primeiro, queria desculpar-me, mas não poderia deixar você morrer... Não do jeito que queria.



-Como assim?



-Er… Esme você é uma vampira… Como nós.



Eu fitei-o esperando dizer “é brincadeira” só que isso não aconteceu. Seu rosto estava sério e mostrava um grande sofrimento. Ele sofria... Por mim?



-Sim, está. – Disse o rapaz também muito bonito.



-Sinto muito. – Falou Carlisle.



Senti um aperto em meu peito ao vê-lo assim e num ato impensado aproximei-me dele acabando com a distância abraçando-o. Sua pele não era mais fria, tínhamos a mesma temperatura. Seus braços fortes rodearam minha cintura e eu senti-me em paz. O som da porta batendo fez com que nos afastássemos.

Um lindo sorriso estampava seu rosto e pensei estar corada. Fitei discretamente o espelho e notei uma vantagem nisto. Eu não passaria por mais vergonha por conta disto. Sorri de volta e ele pegou em minha mão. Senti-me no céu. Eu não me lembro de ter apreciado tanto um simples gesto como este. Um leve tocar de mãos.

Sem questioná-lo segui sendo guiada por suas mãos porta a fora. Andamos pelo corredor e eu acompanhava tudo atentamente. Continuamos pelo corredor e encontramos uma sala onde Edward lia um livro parecendo interessado. Sorri por isso, em pouco tempo, já havia me afeiçoado a ele. É... Como se fosse um filho. Sim, ele é o meu filho. Aquele que eu perdi.

Passamos pela porta e ainda de mãos dados corremos. A sensação do vento batendo em meu rosto é maravilhosa. Ao lado de Carlilse parece que nada pode me atingir, ninguém pode me machucar. Sei que parece loucura, mas eu acho que foi amor... Amor à primeira vista.









(ligue a música)



Is this a dream? (Isso é um sonho?)

If it is (Se for)

Please don't wake me from this high (Não me acorde de tão alto)

I'd become comfortably numb (Eu estive confortavelmente entorpecida)

Until you opened up my eyes (Até que você abriu meus olhos)

To what it's like (Para o que parece ser)

When everything's right (Quando tudo está certo)

Oh I can't believe (Eu não consigo acreditar)



Correr com ele é incrível. Isto é um sonho? Ele, o lugar, Edward, a calmaria em meu peito. Tudo é tão irreal. E se for... Eu desejo que não me acorde de tão alto. Nada na minha vida deixou-me tão bem quanto senti-lo aqui comigo. Junto a mim. Desde o momento em que ouvi sua doce voz estou entorpecida. Carlisle abriu meus olhos, é o que parece. Está tudo certo. Da maneira que deveria ser e eu não consigo acreditar.



You found me (Você me encontrou)

When no one else was looking (Quando ninguém estava procurando)

How did you know just where I would be (Como você sabia exatamente onde eu estava?

Yeah, you broke through (Você quebrou)

All of my confusion (Toda a minha confusão)

The ups and the downs (Pelos altos e baixos)

And you still didn't leave (E você ainda não foi)

I guess that you saw what nobody could see (Acho que você viu o que ninguém havia visto)

You found me (Você me encontrou)

You found me (Você me encontrou)



O fato de ter me encontrado quando ninguém procurava. Saber exatamente onde eu estava... Parece ter sido o destino. Ele quebrou toda a minha confusão, a minha dor. Por tudo que passei. Altos e baixos. Sei que Carlisle viu o que mais ninguém havia visto. Ele me encontrou. Encontrou o meu verdadeiro eu.



So, here we are (Então, aqui estamos)

That's pretty far (E tão longe)

When you think of where we've been (Quando se pensa onde estivemos)

No going back (Sem volta)

I'm fading out (Eu estou retirando)

All that has faded me within (Tudo que está murcho em mim)

You're by my side (Você está do meu lado)

Now everything's fine (Então está tudo bem)

I can't believe (Eu não consigo acreditar)



É como um conto de fadas. Aqui estamos, nós dois, e tão longe. Sim, longe quando se pensa onde estivemos. Em lugares separados, ou melhor, décadas... Famílias, amigos e tudo. A ideia que eu tinha era estar sem volta. Aqui, com ele, estou retirando tudo de ruim em mim. Porque ele está ao meu lado. Pensar nisto fez-me sorrir e o fitei confirmando. Então tudo está bem.



And I was hiding till you came along (E eu estava me escondendo até que você chegou)

and showed me where I belong (E me mostrou onde eu pertenço)



Vejo que todo o tempo que vivi eu estava me escondendo. Escondendo-me até que ele chegou. E me mostrou onde eu pertenço. E é ao seu lado. Eu deveria contar o que sinto?



You found me (Você me encontrou)

When no one else was looking (Quando ninguém estava procurando)

How did you know (Como você sabia?)

How did you know (Como você sabia?)



Num movimento brusco ele parou e segurou minhas duas mãos olhando-me intensamente nos olhos. Aqueles olhos hipnotizantes e confortantes. Ergui minha mão lentamente e acariciei seu rosto vendo-o fechar os olhos. Sorri por seu ato inconsciente. Dispersa na sensação de tê-lo por perto não notei sua aproximação repentina.

Então os nossos olhares se encontraram e um arrepio perpassou meu corpo. Sua mão deslizou por meu rosto. Sendo esta, a minha vez de fechar os olhos, e aproveitar o momento. Não tinha imaginado o quanto poderia ficar melhor. Num movimento rápido e surpreendente senti seus lábios selarem os meus.

Minhas mãos foram até seu pescoço e cabelo. E tratei de retribuir o beijo. Por mais louco e estranho que parece eu estou completamente apaixonada por este homem. E só tenho a agradecê-lo. De uma só vez deu-me uma família com um filho. Algo que eu nunca tive. Nós nos afastamos e sorrimos. Ele deslizou um dedo por meus lábios e sussurrou-me.





-Talvez seja estranho, mas eu amo você.





-Shhh. – Disse pondo delicadamente o dedo indicador em seus lábios. – Eu também meu amor.





Dei-lhe mais um beijo e afastei-me olhando a volta e depois olhei para ele indagando-o com os olhos. Sorriu-me e postou-se ao meu lado pondo uma mão em minha cintura. A cada toque dele eu sentia-me viva como nunca senti. Nos momentos seguintes ensinou-me a caçar e voltamos a nossa casa. Sim, ele havia me dito isto.

Entramos na sala e fitei a volta. Edward, nosso filho, permanecia entretido em sua leitura desde que saímos e ali continuava. Soltei um breve suspiro. Depois de sentir-me sem esperanças eu tive uma agradável e inusitada surpresa. Descobri o verdadeiro significado de amar. Pode parecer loucura, mas foi assim que aconteceu.

Uma tragédia, uma atitude impensada, mudou tudo. Minha vida, ou melhor, eternidade ganhou cor. Onde eu descobri a felicidade após a tormenta. Não há jeito de negar, o fim fora o meu grande recomeço. Passei os olhos em volta da sala até parar em Carlisle, meu amor, e sussurrei, mas para mim do que para ele.





-Quem diria? Morrendo para amar.





Soltei um sorriso quando o vi fitar-me e depois sorrir. Nunca pensei que morrer poderia ser tão bom. Iniciei hoje o meu conto de fadas. Tendo a certeza de que existi sim a expressão: “felizes para sempre”. Este é o meu eternamente. O começo da minha verdadeira eternidade. A eternidade de meu amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário