12 de agosto de 2010

Doce pesadelo

Capitulo XXVIII - Não sabe o quanto eu te amo.


Ela entrou primeiro, seguida por sua tia. Eu como fui o ultimo a comprar passagem tive que ser o ultimo a entrar também. É o carma só pode. Assim que entrei ela estava em uma das ultimas fileiras e sua tia bem na frente, certamente querendo nos dar privacidade. Fui chegando mais perto quase correndo pra sentar a seu lado, ela também estava ansiosa pra me ver, pude sentir pelas batidas do seu coração. Quando me sentei não falamos absolutamente nada, simplesmente tudo o que eu tinha pra dizer desapareceu da minha cabeça, estava morrendo de raiva por ela ter escondido de mim uma coisa tão importante e por ter se colocado em perigo, mas também não queria brigar com ela, e sim dizer que a amava e que estava tudo bem, que ia protegê-la custando o que custar. Tanta coisa a dizer e na minha primeira oportunidade de falar, da minha boca não saia simplesmente nada. Depois dizem que vampiro tem boa memória.
Finalmente quando eu ia falar algo, ela me abraçou desesperada e começou a chorar, retribui seu abraço com a mesma intensidade que me era permitido, já que ela ainda era humana. Seu choro me cortava por dentro, eu faria tudo pra que ela parasse de chorar, faria de tudo pra ela não sofrer mais, qualquer coisa que ela pedisse eu faria. Seu cheiro tão delicioso pra mim, como eu senti sua falta, mesmo que minha garganta ardesse e minha sede aumentasse eu amava aquele cheiro que emanava sobre ela, sinal de que estava viva, que seu coração estava batendo. Minha doce e linda humana Melanie.
- Por favor, não chore, não agüento te ver chorando, simplesmente morro por dentro. Diga que me odeia, grite comigo, eu não me importo só não chore.- Pedi sussurrando com a boca bem perto do seu ouvido.- Prometo que nada de ruim vai te acontecer.
- Me desculpe.. me perdoa por favor.- Ela falava entre seu choro sussurrando também. Minha vontade de matar Aro e seus criados estava aumentando cada vez mais. A única coisa que me segurava era Melanie em meus braços, ela precisava de mim agora.
- A culpa não é sua, não fique assim, vai ficar tudo bem eu prometo.- Tentei acalmá-la mas ela estava muito nervosa.
- Ele sabe, sobre você, sobre a sua família, vocês estão em perigo por minha culpa.- Ela ainda chorava, e eu mesmo desesperado por causa de seu choro, tentava parecer calmo pra não desesperá-la ainda mais.
- A culpa não é sua, não escolhemos nos conhecer, você não pode ser culpar disso, e por favor espero que não tenha se arrependido, porque te conhecer foi a melhor ciosa que já aconteceu comigo.- Não tinha como duvidar da veracidade das minhas palavras naquele momento, tanto que seu choro cessou por um momento para que ela tirasse a cabeça do meu ombro e me olhasse. Seu rosto tão abatido, tão frágil. Por que alguém faria uma coisa dessas? As vezes é idiotice fazer uma pergunta retórica.
- Como posso ser a melhor coisa que te aconteceu, se eu posso trazer o seu fim e da sua família?- Ela me perguntou com a voz entre cortada. Achei aquilo o maior absurdo do mundo.
- Não seja tola você me fez nascer de novo, pela primeira vez na vida, senti meu coração bater, se teve alguém que me salvou esse alguém é você.- Isso era a maior verdade que eu poderia dizer naquele momento.
- Não sabe o que está dizendo.- Aquela teimosia toda estava me irritando, o que mais eu teria que dizer pra que ela enfiasse de uma vez naquela cabecinha teimosa que ela era tudo pra mim.
- Assim acho que você não se importa com meus sentimentos.- Tentei parecer ofendido com sua recusa, pois sei que só está fazendo isso pra me proteger no fundo sei que ela também gosta de mim, agora se seu amor é da mesma intensidade que o meu eu não sei dizer.
-Me importo com você mais do que você pensa. Não sabe o quanto eu te amo.- Se eu já era feliz sem ela dizer isso, agora eu estava nas nuvens, se existe paraíso pra mim eu já cheguei lá. Agora sei que ela me ama com certeza e não vou largá-la por nada.- Eu te amo. –Ela repetiu, não agüentei mas nenhum centímetro longe dos seus lábios grossos que antes rosados, agora estavam meio pálidos. Beijei urgente sua boca puxando pra mais perto do meu corpo, ela também correspondeu ao beijo da mesma forma, botando as mãos na minha nuca me puxando pra mais perto também, se é que é possível. Estávamos nos agarrando de uma forma nada apropriada, mas não queríamos nos separar por nada.
- Eu te amo.- Disse entre os nossos beijos apressados.
- Eu sei. – Ela disse convencida, a Melanie que eu conhecia, confiante e destemida.
- Com licença- Uma aeromoça chata resolveu nos atrapalhar.- É proibido sair do lugar e beijar dentro do avião.
- Claro nos perdoe, nos deixamos levar- Disse educadamente, depois que eu fui reparar ao que ela quis dizer com “sair do lugar”, Melanie estava em cima de mim ofegante pois ela precisava de ar, saiu do meu colo com um pouco de vergonha e irritada com a aeromoça, percebi pelo seu olhar diretamente duro pra ela.
- Espero que isso não ocorra de novo.- Disse a “Aerochata”, logo depois ela foi embora. Olhei pra Melanie com grassa, e um pouco surpreso pelo seu jeito inusitado.
- Essa mulher não tem marido não?- Perguntou ela com raiva da aeromoça.
- Não, e está morrendo de inveja de você.- Disse o que percebi nos pensamentos da chata.
- Não a culpo, você é lindo.- Juro que meu ego foi ao seu nível máximo com o que ela acabará de dizer.
- Cabelos negros como a noite, com cachos delicados na ponta, olhos tão profundos e encantadores, lábios tão convidativos com um gosto tão bom e indescritível, pele macia meio morena mas muito pouco a combinação exata.- Fiz uma descrição dela acho até que disse pouco.- Absolutamente perfeita. Tenho que te lembrar o quanto você é linda?- Ela corou no mesmo instante a abaixou um pouco a cabeça, mas logo a levantou.
- Na verdade tem.- Rimos do seu convencimento, mas nada mais que justo, diria o tempo todo que ela é linda e perfeita.
Mas de repente a graça acabou, vi mais medo em seus olhos e me lembre que tínhamos um assunto muito importante a tratar.
- Gabriela te contou?- Ela começou.
- Contou.- Eu disse sério com um pouco de pesar. Ficamos um pouco em silencio até que ela resolveu começar de novo.
-Entenda, fiz o que fiz, pra salvar minha tia e meus primos estava desesperada, eu só tinha 12 anos. Eu...- Botei meu indicador nos lábios dela e dei um selinho delicadamente.
- Não estou te culpando de nada. Fez o que achou que era certo e foi até muito mais madura que uma criança de 12 anos.- Não era culpa dela e ela também tinha que enfiar isso na cabeça.
- Mesmo assim me sinto culpada por tudo que aconteceu.- Acho que vai demorar um pouco pra ela se convencer do contrário.
- Não sinta.- Reforcei minha opinião que era a verdade, ela não tinha culpa. Mais silencio, dessa vez eu que o quebrei.
- Agora, porque não me contou quando nos conhecemos?- Disse calmo, ainda sim com seriedade. Isso já era outra história.

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