12 de agosto de 2010

Doce pesadelo

Capitulo XXVIX - Meu amor, deixe-se pra traz.


Melanie.


Uma parte de mim já esperava aquele tipo de pergunta, mas cedo ou mais tarde ele ia fazê-la. Na verdade eu ainda estava surpresa por ele ter ido atrás de mim. A minha parte racional me dizia que aquela foi uma atitude burra e impensada da parte dele, que ele poderia ter morrido por minha causa. Mas a parte emocional, e essa é a que no momento me domina, estava feliz por que isso era uma prova de que por mais que eu não mereça, ele ainda consegue me amar.
Contar... Por que eu não fiz isso mesmo? Ah! Sim, eu não queria por ele e sua família em perigo, mas não adiantou nada no final das contas não é? Acabei por me envolver demais com ele e isso sim foi o que estragou tudo. Talvez se eu tivesse contado antes de nos apaixonarmos, ele teria ficado longe de mim, teria pensado “Aquela garota é encrenca” e não teria vindo falar comigo. No final de tudo como sempre, eu sempre acabo tomando as decisões erradas. Sempre.
- Não sabe que seu silencio é uma tortura pra mim?- Perguntou ele com os olhos angustiantes. Não tive coragem de encará-lo, ainda não sabia o que responder. Ele gentilmente botou as mãos em meu rosto e o levantou para que pudesse olhar em meus olhos.
- Eu..- Me perdi naqueles olhos amendoados, mas ele ainda estava esperando uma resposta.
- Você..- Me incentivou a continuar. Tentei abaixar minha cabeça em vão, suas mãos eram fortes demais. Fechei os olhos por um momento. Sua anciosidade pareceu aumentar.
-Você contaria?- Disse calma e pausadamente, queria que ele raciocinasse, que visse do meu ponto de vista. Ele pareceu pensar por um minuto e tirou as mãos do meu rosto, caindo pelos meus braço e parando em minha volta. Abri os olhos para ver sua expressão, ver se eu tinha chegado onde queria. Seu rosto ainda era implacável pareceu ponderar por um breve segundo mais ainda achava que a razão estava do lado dele.
- Mesmo assim você deveria ter contado.- É, ele ainda achava estar certo, e talvez estivesse mesmo.
- Tem razão.- Disse desviando os olhos dos seus.- Eu deveria ter contado.- Um misto de dúvida apareceu em seu rosto. Ele não estava acreditando que eu concordaria tão fácil, mas talvez soubesse que o meu ponto de vista fosse diferente do seu.- Talvez se você soubesse, pensaria melhor antes de me pedir em namoro.- Não disse com desdém, apenas aleguei um fato, porém ele logo me cortou.
- Não é verdade.- Ele passou o dedo numa lágrima que começava a se formar.- Te amaria mesmo que isso tivesse sido escolha sua.- Ele disse sussurrando para que só eu pudesse escutar.- O que eu quis dizer é que se tivesse me contado antes eu te protegeria, te impediria de ir.
- Como?- Perguntei com um jeito cético.
- Eu não sei, daria o meu jeito mas te protegeria.- Apesar de não saber o que fazer ouve firmeza em sua voz. Esse era o meu medo, não queria imaginar ele enfrentando os Volturi por minha causa. Se ele morre-se por minha culpa, jamais me perdoaria e daria um jeito de ir depois dele.
- Essa é a questão.- Eu disse, mas pela sua cara ele não tinha entendido aonde eu queria chegar.
- Que questão?- Ele perguntou como se estivesse perdido.
- Você me proteger.- Em minha garganta já se formava um nó, eu tinha tão pouco tempo com ele.- Você não faz idéia de como fazer não é?- Dele só vinha o silencio.- É porque não tem saída, se houvesse algum outro modo eu e minha família já haveríamos descoberto. Só pensamos nisso há cinco anos. A única opção que resta, seria uma luta que já esta perdida. Primeiro, porque a razão supostamente está do lado deles, já que eu fiz um acordo por que minha tia quebrou uma lei. Então as testemunhas também estariam do seu lado. Segundo- Essa parte eu disse mais convicta.- E não permitiria, que você, a minha família e a sua travassem uma batalha por minha causa, nunca. Mesmo se ganháramos, o que já seria um milagre, pessoas morreriam e a culpa disso tudo seria minha. Pior, você pode morrer.- Fiz mais uma pequena pausa para respirar e continuei.- E então terá lutado em vão, por que eu iria logo depois de você.
- Não diga uma besteira dessas.- Ele disse um pouco frustrado, tanto por ver que eu tinha razão mesmo ele não querendo, quanto ao fato, sim isso era uma fato mais que real, de que eu morreria se ele morre-se.
- Mais é a verdade.- Ficamos em silencio, durante um tempo, ainda estávamos de frente uma para o outro nos olhando, tentando memorizar cada parte de nossos corpos e fazer aquele momento durar para sempre. Logo eu idiota como sempre, tive que bocejar e estragar o nosso momento.
- Você deve estar cansada.- Ele me puxou para seus braços e me aninhou em seu peito, deixei ele me levar sem relutar. Estava muito cansada pra negar seu colo frio e aconchegante. Meu paraíso particular.- Durma .- Ele disse beijando meus cabelos.- Ainda temos muito o que conversa, mas não vale se você não estiver consciente.- Dei uma risada sem humor e ele também. Aos poucos o sono foi me levando até que dormir e fui parar em outro lugar.
Meu amor, deixe-se para trás
A batida dentro de mim
O deixa cego
Eu estava em uma cama, dentro de um quarto enorme e espaçoso, a cama era grande e imponente. Parecia antiga. Levantei devagar olhando o espaço ao meu redor. O quarto também parecia antigo. Estava em um castelo eu tinha certeza, na janela o sol estava se pondo.
Meu amor, você é a favor da paz
Você estava tão tentando
À liberação
Levantei e percebi que estava com uma camisola branca de ceda que se arrastava até os meus pés. Percebi que o que tinha me acordado era o som de uma alguém que estava cantando em algum lugar por aqui e estava tocando piano também.
Você deu tudo
Para o chamado
Você se arriscou e
Caiu por todos nós
Andei lentamente pelo quarto até que passei em frente a um espelho enorme, eu estava um pouco diferente mais ainda era humana. Só os meus cabelos estavam maiores do que de costume e mais cacheados nas pontas. No meu pescoço estava o cordão de Pietro. O toquei meio hesitante me perguntando como aquilo foi parar ali.
Você veio atenciosamente
E, em seguida fielmente
Você me ensinou a honra
Você fez isso por mim
Fui em direção a porta e sai do quarto, parei em um corredor que era sem fim tanto do lado esquerdo quanto do direito. Mas a música estava vindo do lado direito então resolvi ir nessa direção.
Esta noite você vai dormir para sempre
Você vai esperar
Por mim, meu amor
Quanto mais eu andava mais a música parecia perto, só que eu nunca conseguia chegar nela.Todas as salas que eu tentava abrir estavam trancadas. O chão estava gelado, olhei pros meus pés, eles estavam descalços. Continuei andando, até que me deparei com uma sala que a porta estava entre aberta. Notei que a porta era diferente das outras, essa era branca sem nenhum detalhe e as outras eram marrons todas entalhadas de uma maneira puramente medieval.
Agora eu sou forte
Você me deu tudo
você deu tudo o que tinha
E agora eu estou em casa
Resolvi entrar, afinal não tinha mais pra onde ir. Me deparei com uma mulher de cabelos castanhos claros. Suas feições eram estranhamente familiar mas eu tinha certeza de nunca tê-la visto. Me lembraria se tivesse visto alguém tão bonita.
Meu amor, deixe-se para trás
A batida dentro de mim
O deixou cego
Ela continuava cantando, e deu um singelo sorriso como se soubesse que eu estava ali escutando. A música começou a fazer sentido pra mim, falava de mim, de Pietro, de nós. Comecei a apreciá-la, não tive coragem de interrompe-la.
Meu amor, veja o que você pode fazer
Estou consertando
Eu estarei com você
A música parecia mais um adeus de mim pra ele, tive vontade de chorar mas me controlei pra não fazê-lo.
Você pegou minha mão
Adicionou um plano
Você me deu seu coração
Pedi-lhe para dançar comigo
Minha respiração estava descompassada, não conseguia tirar os olhos da estranha mulher. Meus ouvidos só conseguiam ouvir sua voz.
Você amou honestamente
Fez o que você poderia liberar

Agora eu sou forte
Você me deu tudo
Você deu tudo o que tinha
E agora eu estou em casa

Meu amor, deixe-se para trás
A batida dentro de mim
Eu estarei com você
Ela parou de cantar e o som do piano foi diminuindo gradativamente. Ela ainda olhava o piano, depois de minutos que pareceram horas pra mim ela se virou e me encarou. Mas a única coisa que eu conseguia ver foi o colar em seu pescoço.
Igual ao meu, igual ao de Pietro, instintivamente botei a mão no colar.
- Olá Melanie.- Disse ela feliz com um sorriso terno no rosto.
Quem seria essa Mulher?

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