5 de fevereiro de 2011

Keep holding on


Keep holding on


Ouça- http://www.kboing.com.br/avril-lavigne/1-42283/


O sol batia contra meu rosto e os meus passos ecoam pelos ladrilhos que cobrem a rua e meu coração dispara no receio de ao virar numa dessas estreitas ruas eu acabe me deparando com eles. Um arrepiou perpassou meu corpo. Meus olhos cediam ao pavor e as lágrimas teimosas escorriam por meu rosto. Minha pele pálida de medo deve estar ganhando um tom rosado pelo esforço da fuga.

Bom, não de fato uma fuga. Eu devia ter ido embora desde o momento em que o sol surgiu, mas não poderia. É impossível a ideia de abandoná-lo. Em pouco tempo eu havia entrado meu coração e não tem meios para tê-lo de volta. E eu não o quero. Ele pertence a somente uma pessoa. Ao meu vampiro. Seguia meu caminho assustada, mas decidida. Iria ficar e esclarecer o que sinto.

As árvores próximas a mim balançam-se e me dão a terrível sensação de estar sendo seguida de perto. Um ruído vindo um galho sendo partido chama minha atenção impedindo meu corpo de seguir em frente. Uma risada debochada chega aos meus ouvidos. Eu reconheço essa voz. Uma onda de pânico manteve-me paralisada.

Meu único desejo era poder contar a verdade a ele. A pessoa que me provou o quanto é bom amar, mesmo que ele nunca saiba. Aprendi o verdadeiro significado da palavra se entregar. Confiei meu amor, meus medos, sonhos, tudo no que acredito e desejo só numa pessoa. Em alguém que me pareceu especial.



-O que foi Mary? – Perguntou uma voz infantil ao meu lado. A última palavra repleta de ironia. -Está com medo, querida?



Num momento de coragem que eu desconheci voltei-me em sua direção encarando fixamente aquelas íris escarlates. Senti-me prisioneira e dei um passo em sua direção e somente parei ao sentir meu corpo ser lançado para trás com força. Senti uma dor em minha cabeça e me forcei a erguer o queixo. Eu não cederia. Jane avançava em minha direção com ódio.



-Jane, pare! – Bradou Demetri tentando pará-la segurando-a pelo braço.



-Solte-me!Agora! Não vou poupá-lo. – Os orbes vermelhos de Demetri se arregalaram e deu um passo se afastando de nós.



-Jane?- Falei baixo sabendo que escutaria. Nossos olhares se encontraram e eu continuei. – Porque me odeia tanto? O que eu te fiz?



Suas sobrancelhas se ergueram como se questionasse minha capacidade mental. Não desviei meus olhos eu queria e precisava de uma resposta. E somente ela me diria o que eu quero.



-Não é de sua conta humana. E escute-me, Mariana. Você vai embora ou eu te mato. Entende-me?



-C-Como?-Gaguejei abismada.



-Além de humana é burra? Estou dando-lhe um aviso. Vá embora, fique longe.
Abaixei meus olhos fitando o chão e senti uma dor forte em meu corpo. Era ela. Claro que não deixaria tudo impune. Meus olhos encheram-se de lágrimas a dor era alucinante. Fechei meus olhos esperando pelo meu fim. Eu iria perdê-lo antes mesmo de contar a verdade. Eu o amava, mas ninguém jamais saberia. As lembranças de quando nos conhecemos invadiu minha mente. E eu voltei aquele momento.


O vento vinha em direção contrária a mim jogando alguns fios de cabelo em meu rosto. Eu olhava aquela cidade encantada. Havia ganhado de presente uma viagem à Itália e meu destino acabou sendo Volterra. As ruas estreitas e mal iluminadas davam um ar assustador, mas tratei de balançar minha cabeça. Não iria assustar-me logo no primeiro dia. Tenho de aproveitar ao máximo.

Estou na cidade há apenas umas horas. Meu avião tivera um problema causando um atraso nos vôos. Por conseqüência cheguei aqui somente onze e meia. Ando pelas vielas olhando tudo. Sinto-me como se tivesse entrado num filme de época. As pessoas conversam baixam e caminham em pequenos grupos. Seria um costume local? Ou... Não Mariana deixe de besteira.

Soltei um suspiro e segui o caminho indo até a torre do relógio. Eu ficara sabendo que ontem teve uma comemoração por aqui. Acredito que era... O dia de São Marcos. Hmm... Isso mesmo. Escutei alguns turistas sussurrando sobre as histórias sobre o homem que expulsou os vampiros daqui. Sinceramente? Não acho que isso seja verdade. Caramba, vampiros? Ah, que isso.

Uma brisa fresca passou por mim levando meus cabelos novamente em meu rosto. Fechei os olhos protegendo-me contra os golpes do cabelo e afastei a mecha que parara diante meus olhos. Um barulho vindo por trás de mim fez-me ficar rígida. Eu me virei lentamente sem coragem alguma. Uma mulher muito bonita de pele pálida fitou-me. Podia vê-la escondida pelas sombras.

Possui um sorriso gentil sem mostrar os dentes. Ela parecia examinar-me. O que poderia querer de mim. Sem vontade de me manter ali comecei a voltar para junto de outras pessoas sentindo o olhar dela e ao olhá-la de esguelha vi um homem, também muito bonito, parado ao seu lado. Por sua vez, seu sorriso não era educado e sim... Faminto?

Apressei meu passo e fingi estar junto ao grupo de turismo que admirava de perto a torre do relógio. E um rapaz de cabelos negros e curtos de olhos verdes fitou-me e acercou-se.



-Olá, algum problema?



-Oi, ah desculpe. É que eu fiquei com medo de andar sozinha a estas horas.



-Claro, fique conosco. Sou Derrick prazer. – Falou estendo a mão.



-Obrigada, muito prazer Mariana. – Aceitei o gesto e sorrimos.



A mulher que antes me observou veio em nossa direção com um sorriso singelo e quando nossos olhos encontraram-se novo eu me arrepiei. Meu inconsciente mandou-me correr, mas minhas pernas pareciam bambas e sem força. Um sorriso divertido traçou seu rosto, porém ao ver minha expressão se desfez rapidamente.



-Boa noite.



-Boa noite. – Disse Derrick.



-São turistas, certo? – Perguntou a ele mantendo os olhos em mim. E eu o vi assentir.



-Não querem conhecer o castelo? É o mais antigo da região. Este é o último horário. Estamos terminando com esta visita de onze e meia, muitos clientes, sabem?



-Hmm... Pode ser? – Perguntou Derrick lançando seus olhos esverdeados contra os meus castanhos escuros.



-Estou cansada, vou dormir. Desculpe. – Pedi baixinho.



-Não. – A mulher falou.



-Desculpe-me?



-Não, não perca a chance. Sou a Heidi. Acredita será uma experiência inesquecível.



-Obrigada, mas não.



Dei minhas costas a eles acenando um tchau para o Derrick e caminhei decidida até o hotel, porém antes de alcançá-lo uma mão fria segurou-me me impedindo de seguir meu caminho. Um homem de pele azeitonada que contrastava com sua palidez fitava-me. Seus olhos escondidos pelas sombras eram intensos.



-Olá, Mariana, não?



-S-Sim e você?



-Demetri, vamos? O que custa?



Hipnotizei-me diante dele e segui-o sem saber o rumo que tomava. As ruas estreitas estavam escuras e a pouca claridade não me deixava enxergar direito. Durante o trajeto sentia-o manter-se de longe e pensei tê-lo visto prender a respiração quando passava correntes de ar por nós. Balancei minha cabeça fazendo meus cabelos voarem e ele parou rígido.



-Demetri, está bem?



-Sim, vamos ok?- Somente assenti e retomamos o caminho.



Não sei dizer o quanto demoramos em chegar ao destino, mas ao chegarmos meu queixo caiu. Era um castelo de idade medieval. Lindíssimo! Prendi a respiração e senti que meu “companheiro de caminhada” estava me olhado. Sem dúvidas o local da viagem é fascinante. Impossível não ficar encantada com a paisagem.



-É lindo!A cidade é perfeita. – Murmurei para mim mesma.



-Sim, é verdade. Vamos. – Com sua mão em minhas costas me guiou até o lado de dentro.



Eu sentia que algo iria acontecer. Meu coração estava disparado e um pouco apertado e ainda assim senti vontade de continuar. Apesar do medo meu coração queria ir. Ele sentia que precisava ir em frente. Caminhamos calados e nos encontramos com o pessoal do grupo de turismo. Agradeci a companhia de Demetri e corri ao encontro de Derrick um sorriso formou-se em seus lábios e eu retribuí.



-Mudei de ideia.



-Que bom!



-Por aqui. – Falou Heidi e ao ver-me sorriu mais ainda. – Fico feliz em saber que veio Mariana.



-Obrigada Heidi.



Seguimos pelo corredor de teto alto vendo os detalhes e comentando. Portas grandes se abriram mostrando uma sala ampla com três homens sentados nos tronos. O do meio levantou-se e notei como seus olhos eram vermelhos e procurei por Demetri e vi a mesma cor em seus olhos. Dei um passo para trás esbarrando em Heidi que me olhou curiosa.

Aquele homem falava algo, mas nada fazia sentido. PERIGO. Gritava minha mente. Sem controlar-me olhei a volta e foi ali que meu mundo parou. Quando meus olhos encontraram aqueles orbes vermelhos eu estanquei. Nós nos fitamos intensamente e meu coração disparou. Como ele é lindo. Seus cabelos castanhos escuros e seu rosto perfeito deixaram-me sem ar.

Gritos assustados chegaram aos meus ouvidos e senti alguém aproximar-se de mim. Um choque perpassou meu corpo com o contraste da pele gélida com a minha pele quente. Eu me virei imediatamente encarando o lindo garoto. Seus olhos estavam grudados aos meus. Tinha certeza que ele podia ouvir meu coração acelerado por ter visto um sorriso lindo aparecer no canto de seu rosto.

Segurou minha mão e puxou-me para o lado de fora. Fitei tudo ainda estava escuro. Podia sentir que o rapaz ao meu lado estava inquieto. Puxou-me pela mão uma vez mais e por eu não esperar tropecei e quase caí. Seus braços envolveram minha cintura e bati contra seu corpo de mármore. Levantei meus olhos conectando-os com os dele.



-Cuidado. – Falou um pouco ríspido.



-Desculpe- Respondi corando.



-Certo. – Falou mais calmo e andando novamente sem tirar os olhos do caminho pelo qual viemos. - Daqui, está sozinha. Corra, não pare. Vá a um lugar seguro e pela manhã vá embora. - Falou de forma hostil.



-P-Por q-quê? – Perguntei confusa com suas constantes mudanças de humor em tão pouco tempo.

Empurro-me e eu corri na direção do hotel. Lá teria muitas pessoas. E uma voz que eu conhecia surgiu em minha mente trazendo-me ao tempo atual.



-Jane, pare! Alec não vai te perdoar por isso.



Eu estava sozinha e sentia que não agüentaria por muito mais tempo. Somente com ele, juntos, nós ficamos em pé, porém ele não esta aqui. Mesmo que ele não saiba estarei ao seu lado. Ainda que seja em pensamento. Eu queria segurar a mão dele e sei que mesmo sem nos conhecermos bem ele sabe que se puder eu segurarei sua mão.



(Ligue a música)

You're not alone(Você não está sozinho)

Together we stand(Juntos nós ficamos em pé)

I'll be by your side(Estarei ao seu lado)

You know I'll take your hand(Você sabe que segurarei sua mão)



Meus olhos ardiam e eu sentia que iria desmaiar. A dor havia sumido agora, mas eu sentia-me perder a consciência. Braços duros e afetuosos acolheram entre os seus. Era ele. Seu cheiro delicioso e marcante chegou ao meu nariz e abri meus olhos. Podia ver dor, magoa e raiva nos olhos dele. Alisou minha bochecha.



When it gets cold(Quando fizer frio)

And it feels like the end(E parecer ser o fim)

There's no place to go(E não tiver para onde ir)

You know I won't give in(Você sabe que não desistirei)

No, I won't give in(Não, eu não desistirei)



Eu sentia um pouco de frio pela temperatura da madrugada, mas sei que daqui a pouco irá amanhecer. E sei que este é o fim. É o que parece. Não há para onde eu ir, não tem como fugir. Pude ouvir a voz de Alec repreender Jane, mas nada fazia sentido. Sua voz era baixa e nada podia diferir. Seus lábios gélidos aproximaram-se de meus ouvidos e ele sussurrou.



-Você sabe que não desistirei. Então, não desista, por favor!



Um fio de esperança surgiu em mim. Não estava sozinha. Ele está aqui. Juntei minhas forças e falei baixinho sabendo que ele entenderia.



-Não, eu não desistirei.



Keep holding on(Continue aguentando)

Cause you know we'll make it through,(Porque você sabe que conseguiremos,)

we'll make it through(conseguiremos)

Just stay strong(Apenas seja forte)

cause you know I'm here for you,(Pois você sabe que estou aqui por você,)

I'm here for you(Estou aqui por você)



-Continue agüentando. – Pediu-me.



Não sei dizer o motivo, mas eu sei que conseguiremos. Iremos vencer. Só serei forte. Sim, serei forte o máximo que puder. Pois eu sei que você esta aqui por mim. Pensei com uma pontinha de esperança. E como se ouvisse meus pensamentos ele falou tão baixinho que pensei por momento ter ouvido algo.



-Estou aqui por você.



There's nothing you can say(Não há nada que possa dizer)

Nothing you can do(Nada que possa fazer)

There's no other way when it comes to the true(Não há outro jeito quando se trata da verdade)

So keep holding on(Então continue aguentando)

Cause you know we'll make it through,(Porque você sabe que conseguiremos,)

we'll make it through(Nós conseguiremos)



Ali não tinha nada que pudesse dizer ou fazer. Lutar contra a Jane e o Demetri seria suicídio. Não há outro jeito esta é a verdade. Como uma simples humana pode vencer uma vampira? Sim, é isso que eles são. Eu os vi atacando pessoas inocentes. Vítimas que entre elas eu poderia estar. Então, continue agüentando. Ordenei-me mentalmente. Porque eu sei que conseguiremos.



So far away(Tão longe)

I wish you were here(Eu gostaria que estivesse aqui)

Before it's too late(Antes que seja tarde demais)

This could all disappear(Isso tudo poderá desaparecer)



Before the doors close(Antes que as portas se fechem)

And it comes to an end(E chegue ao fim)

With you by my side(com você ao meu lado)

I will fight and defend(Eu lutarei e defenderei)

I'll fight and defend(Eu lutarei e defenderei)

(Yeah, yeah)



-Mary? – A voz de Alec me chamou. -Nós vamos conseguir.Você ficará bem.



Parecia tão longe. Eu estava cansada, mas eu estava voltando ao normal. Inconscientemente eu desejei que ele estivesse aqui. Antes que fosse tarde demais. Sei que isso tudo poderá desaparecer. Vejo em seus olhos escarlates que ele gostaria de estar aqui e está feliz por tornar isto real, mas não vou parar.

Eu vou lutar e defender-me. Eu vou ficar bem e lutar por ele. Pelo que sinto. Olhei em seus olhos e aproximei-me lentamente. Ele ficou rígido por um momento e eu acariciei seu rosto. Sem pressa deixei minha boca alcançar seus ouvidos mesmo sabendo que não precisaria disto para ele escutar-me. Seu corpo aos poucos relaxou.





-Eu lutarei e defenderei isto. – Confessei.





-Isto o quê? – Perguntou-me.





Sem responder acabei com a distância entre nós dando-lhe um beijo suave em seus lábios. Ouvi o resmungo de Jane as minhas costas. E Alec alertou-a para não tentar nada, mas eu não me importei eu estava ali. Com ele.



Keep holding on(Continue aguentando)

Cause you know we'll make it through,(Porque você sabe que conseguiremos,)

we'll make it through(conseguiremos)

Just stay strong(Apenas seja forte)

cause you know I'm here for you,(Porque você sabe que estou aqui por você,)

I'm here for you(Estou aqui por você)





-Continue aguentando. – Pediu novamente e eu sorri.



Eu estava bem novamente. Eu sei que conseguiremos. Nós sabemos que conseguiremos. Nunca um amor chega de facilmente, mas depende de nós torná-lo eterno. E eu o farei. Levantei num pulo mostrando estar comando novamente meu corpo e minha mente.



-Eu não pude ir embora. – Contei-lhe. –Eu precisava contar a verdade.



Junto a Alec nada mais me importava. O perigo dos Vulturi me acharem. O medo que sinto de sua irmã, de seus “colegas”. Por mais que tenha me apaixonado por um vampiro, e pelo que parece temido. Eu confio nele. Tanto que lhe dei o que sempre ouvi dizer ter mais valor. Seus olhos vermelhos pareciam conter uma expectativa que me motivou e suas palavras confirmaram minha teoria.



-Contar o quê?



-Contar que eu me apaixonei por você. – Fitei o chão que parecia realmente interessante. – Eu... Eu sei que parece loucura, mas...



Senti uma de suas mãos irem até meu rosto e alçá-lo.



-Mas... – Tentou fazer-me continuar.



Corei a abaixei a cabeça de novo, mas não sem antes ver um sorriso estonteante aparecer em seu rosto.



-Não sabe como eu fiquei nervoso. Tive medo... Por você. E nunca um Vulturi tem medo. Você mudou meu mundo, me mudou. Eu só quero que saiba... Eu amo você.



Ergui a cabeça com um sorriso e um olhar desconfiado.



-O quê disse? – Perguntei atropelando as palavras fazendo-o rir.



-Eu amo você Mariana, escutou? Eu te amo Mary! – Gritou alto.



Sem pensar direito joguei-me em seus braços esquecendo-me da platéia e de todos. Eu era correspondida e nada mais me importava. Agora não há dúvidas nós conseguiremos. As palavras seguintes escaparam por meus lábios.



-Eu também amo você. Muito!



E com isso ele selou nossos lábios demonstrando o quanto havia gostado de minhas palavras. E eu apreciei o momento. Eu soube naquele instante que nossa história não teve um começo bom, mas teria um fim feliz. E tudo o que eu queria estava comigo. E, bom, o futuro... Deixe para lá. Continuo agüentando. O que for. Por ele. Sempre por ele.



~ Fim ~

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