2 de junho de 2010

Eternamente Jovem



"Entre”. Edward evitou meus olhos. Ele segurou a porta do passageiro do Volvo aberta. Sem falar, deslizei para o assento.
“Aonde estamos indo?”, perguntei depois que estivemos dirigindo por um tempo. Ele não me respondeu, e eu me recostei no assento olhando para as minhas mãos.
Alguns minutos depois o carro parou e eu olhei em volta. Estávamos em algum lugar fora da cidade. Não havia ninguém por perto. Edward se moveu rapidamente para abrir minha porta. Dessa vez ele tomou minha mão para me guiar até um banco próximo.
“Bella, eu quero que seja totalmente honesta comigo”.
Olhei nos olhos dele, mas ele evitou os meus. “É claro”. Minha voz falhou.
As palavras de Edward vieram rápidas. “Se você quiser se afastar e ficar um tempo sozinha, eu vou entender. É por isso que eu não queria te transformar tão jovem. Você ainda tem aquela urgência de ser uma adolescente. Eu não quero ficar no seu caminho. Você tem total controle sobre a sua sede. Eu acho que você vai ficar bem. Não fique brava com Rose, ela não queria pensar nisso. Eu ouvi que Alice teve uma visão sobre você. Se essa é a sua decisão – “
Peguei o rosto dele nas minhas mãos, interrompendo-o. “Edward Anthony Cullen!”. Eu o forcei a olhar para mim quando ele tentou olhar para longe. “Não há mais ninguém lá fora para mim. Meta isso na sua cabeça dura, eu pertenço a você, e só a você. Seu veneno corre nas minhas veias. Nós temos uma filha juntos!”
“Renee e Charlie tiveram você, mas eles – “
“NÃO!”, eu gritei alto, apertando seu rosto entre minhas mãos. Subi no seu colo, abraçando-o com força. “Nem sequer pense nisso. Eu não posso viver sem você”. Peguei sua mão direita, beijando sua aliança. “Para sempre e sempre”, sussurrei.
“Se é isso que você verdadeiramente quer.”
“Não, não é o que eu quero, Edward, é o que eu preciso”. Toquei seu rosto, recuando meu escudo. Desenterrei algumas das mais importantes memórias humanas que eu ainda mantinha. Demorei no nosso casamento, e na primeira vez em que fizemos amor. Ele me interrompeu com um beijo.
“Ok, entendi ”. Ele sorriu o meu sorriso favorito. Coloquei minhas mãos novamente em seu rosto, levantando as sobrancelhas. Em questão de segundos ele estava me carregando até o banco de trás do carro.
*********
“Se acertaram, crianças?”, perguntou Emmett quando chegamos na garagem. Quando havíamos conseguido nos recompor, a escola já havia terminado há algumas horas.
“Acho que ‘se acertaram’ é um eufemismo”, riu Jasper, obviamente sintonizado em nossos sentimentos. Ele olhou rapidamente para Alice, que engasgou e pegou sua mão correndo pelas escadas. Todos os outros estavam rindo, e eu baixei os olhos para os meus pés.
“Nunca mais vou andar no banco de trás do seu carro”. Rosalie balançava a cabeça rindo.
“Ah, mas tudo bem se todos andarem no banco de trás do seu?”, Edward a provocou. Ela olhou para Emmett, sorrindo largamente.
“Falando em acertos, sua filha está no quarto dela. Esme disse à ela para esperar lá até que vocês dois chegassem”, Emmett nos informou.
“Algo errado?”, perguntei, enquanto Edward pegava minha mão.
“Qual a gravidade?”, perguntou Edward. Percebi que ele já sabia o que havia acontecido. Esme pôs de lado o livro que estava lendo, e fez sinal para que nos sentássemos.
“Bem, eu recebi uma ligação da escola esta tarde dizendo que Nessie foi enviada à sala da direção”.
“O quê? Por quê? O que aconteceu?”, perguntei freneticamente.
“Nada terrível”, Esme nos assegurou rapidamente. Edward estava rindo, mas mordeu o lábio quando lhe lancei um olhar fuzilante. “Ela… bem, ela estava brincando lá fora no intervalo, e um grupo de meninos da 1ª série estavam chamando ela e seus amigos de alguns nomes. Ela foi até o garoto que começou a provocação e o empurrou. Aparentemente ele se levantou e a empurrou de volta, e então ela, err, deixou ele com o nariz sangrando”. Esme balançava a cabeça para a risada histérica de Edward.
Dei um soco no braço dele. “Isso não é engraçado! Ela podia tê-lo deixado realmente machucado!”.
“Não, ela não podia”, disse Edward entre os gargalhadas.
“Guardei o sermão para vocês dois. Ela é sua filha. Eu só disse para ela que esperasse em seu quarto até que vocês estivessem em casa”. Esme se recostou de volta na cadeira.
“Obrigada. Vamos falar com ela agora”. Me levantei e beijei Esme na bochecha.
“Você precisa manter uma expressão série, Edward. Ela não pode fazer coisas assim”, eu disse antes de entrarmos no quarto dela.
“Tudo bem”, Edward me assegurou. Com isso eu bati uma vez antes de abrir a porta. Renesmee estava sentada em uma cadeirinha de balanço de frente para a janela.
“Querida? Podemos conversar?”, perguntei, virando sua cadeira para ela olhar para mim.
“Sobre o quê?”, disse ela dando de ombros, lançando-me um olhar inocente.
“Você sabe o que, não tente disfarçar”. Eu estava surpresa com a súbita atitude rígida de Edward.
Renesmee se levantou da cadeira, jogando o lobo de pelúcia que tinha nas mãos através do quarto.
“Por que eu que estou encrencada?! Ele estava me provocando! Você sempre disse que eu tenho que me defender”, ela gritou apontando para Edward, “e quando me defendo eu sou punida”!
“Primeiro, pare com a gritaria. Segundo, sim, eu te disse isso, mas só quando alguém estivesse te machucando fisicamente. Da próxima vez apenas fale com a professora, e ela vai tomar as providências. Sua força é maior do que a das crianças da sua idade. Você tem que se lembrar disso, querida.” Sentei-me silenciosamente na cama dela, ouvindo o que Edward dizia. Eu não podia acreditar no quanto ele soava mesmo como um pai.
“Certo, me desculpe”, resmungou Remesmee, cruzando os braços no peito e fazendo bico.
“Temo que isso não seja o bastante. Além do mais, você não precisa se desculpar comigo, você tem que dizer isso para aquele garoto”. Edward tocou o beicinho dela, “Coloque esse bico pra dentro. Não estou gritando com você. Você apenas tem que guardar suas mãos para si mesma”.
“Ok!” Ela revirou os olhos. “Posso ir agora?”. Ela se virou para olhar para mim. Balancei a cabeça, e abri a boca pra responder, mas Edward falou.
“Não, você tem que pensar no que fez, e em como vai se desculpar com o garoto”. Renesmee reclamou, pisando com força. “Eu não quero!”
“Eu não perguntei se você quer. Estou dizendo que você tem que pedir”. Edward apontou para a cadeira dela. “Sente-se. Virei buscá-la quando for a hora de ir para casa”.
“Não! Eu não quero ir para casa!”.
“Renesmee Carlie! Sente o seu bumbunzinho naquela cadeira AGORA!”. Renesmee deu um salto com a súbita mudança em sua voz. Com os olhos arregalados ela recuou, sentando-se.
“Obrigado. Virei te buscar daqui a pouco.”  Edward esperou pacientemente que ela lhe respondesse.
“Ok”, ela sussurrou.
Edward pegou minha mão e saimos do quarto, fechando a porta atrás dele. “Você era tão teimosa assim quando era mais nova?”, ele me perguntou enquanto descíamos as escadas.
Dei de ombros. “Não, não tanto assim. Mas essa birra que ela deu era como as minhas”. Eu pensei por um minuto e então perguntei, “E você? Se lembra de quando tinha essa idade?”
Edward ficou em silêncio por um momento. “Na verdade eu não me lembro de tanto tempo atrás assim”. Ele suspirou, “Mas eu sei que ela vai dar trabalho”.
“Está tudo bem?”, perguntou Esme. “Eu a ouvi gritando”.
“Ela está bem. Não fará isso de novo”, respondi.
Fomos até a sala de estar, onde Emmett estava assistindo a algum jogo na TV, Rosalie estava no sofá enroscada perto dele. Me sentei do outro lado de Rosalie e Edward sentou-se no chão na minha frente, encostando a cabeça na minha perna. “Estou entediada”, suspirou Rosalie depois de um tempo, cutucando as costelas de Emmett.
“Baby, está passando o jogo”, disse Emmett apontando para a TV.
“Bella, vamos caçar”. Rosalie se levantou, parando na frente de Edward e agarrando minhas mãos. Edward empurrou a perna dela para tirá-la da frente. Ela o chutou, ainda me puxando.
“Eu acho que isso soa divertido”. Passei por cima de Edward. “Leve-a pra casa em alguns minutos”, eu disse, beijando-o.
“Humhum”. Edward não tirou os olhos da TV.
“Você me ouviu?”, perguntei, colocando-me na frente da tela.
“Mulher, saia da frente!”, gritou Emmett, tentando olhar à minha volta.
“Sim, levar Renesmee pra casa logo. Entendi.” Edward se esticou para agarrar minhas pernas e me tirar da frente. Eu ri, balançando a cabeça, Rosalie pegou minha mão e me conduziu para a porta dos fundos.
Passamos por Esme sentada do lado de fora lendo. “Não vão muito longe!”, ela disse, sem desviar os olhos de seu livro.

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